Janeiro a Março de 2021

Para que ter inimigos se você tem a si mesmo?

06 DE JANEIRO

Vou me permitir fazer uma generalização perigosa. De forma geral, os estados da região Nordeste -- assim como os do Norte, imagino -- têm um pequeno grande trunfo sobre os do Sudeste. Lá ainda persiste uma espécie de resistência à influência das músicas internacionais por parte das pessoas em geral, e isso se faz notar na programação musical das rádios que os motoristas de Uber e dos demais aplicativos escutam. Aqui em BH, tenho me locomovido basicamente à base de carros de aplicativos, numa média de duas a três vezes por dia. E em todas elas só ouvi sucessos em língua inglesa. Ouvi “Take on Me” do A-ha e “Sweet Dreams” do Eurythmics mais de uma vez num mesmo dia. Ouvi Lenny Kravitz e The Weeknd algumas vezes também. Diz o Nando Motta que na rádio do “O Tempo” onde ele trabalha, a música “Thunderstruck” do AC/DC toca umas dez vezes por dia. Mesmo o sertanejo, a música mais consumida no Brasil, não encontrou seu caminho na programação da rádio desses motoristas, pelo menos nos com que eu tive a oportunidade de tomar a carona.

Em Maceió sem dúvida é diferente. Em cem por cento das viagens por aplicativos ouve-se basicamente aquilo que as pessoas de lá chamam genericamente de "swingueira", mas que pro pessoal do sudeste poderia ser catalogado como algo entre o sertanejo, o forró e a aparelhagem. Músicas internacionais são geralmente consumidas por um público de classe média, um público bastante homogêneo em qualquer lugar do país e que normalmente consome música em contextos de isolamento, no foro íntimo do Spotify ou Youtube. Já os motoristas de aplicativos em Maceió escutam durante todo o dia de trabalho as dezenas de milhares de canções de forró-sertanejo disponíveis via rádio e pen-drives e que sem dúvida, por parecem muito entre si, acabam soando como um grande bloco musical, trazendo sempre em pauta os mesmos temas de cercam os relacionamentos amorosos: conquista, casamento, traição, ciúmes, término, farra, reatamento.

Não me entendam errado, não estou fazendo apologia gratuita da swingueira usando de um burro critério ufanista. Tem muita swingueira lixo, e muita cópia requentada do lixo. Acho inclusive que por cima do catálogo nacional de músicas românticas, a swingueira traz em suas letras uma carga extra de safadeza, de lascividade, de malícia que, tenho certeza, acaba tendo um efeito depressor na mente do motorista de aplicativo submetido a horas de música à fio. Como todo estilo musical, só um núcleo duro de algumas poucas músicas são realmente boas, o resto é basicamente descartável. Por outro lado, não pude deixar de sentir uma profunda pena dos irmãos de categoria em Minas que passam o dia inteiro ouvindo aqueles cantores que cantam sobre a vida de um outro povo em uma língua a qual eles provavelmente não compreendem. Ao final de um longo dia de trabalho, o motorista de BH voltará pra casa com um vazio existencial de um dia inteiro sem ter ouvido uma musiquinha sobre a sua vida, sobre suas tristezas, seus sacrifícios, seus amores; cantada na língua com que ele se comunica e se expressa todos os dias. Quem cantará a vida do motorista mineiro?

A abertura para a língua portuguesa cantada em versos é muito maior no Nordeste, pelo menos se compararmos com o Sudeste, basta notar a pujância da música popular no cotidiano, não apenas dos motoristas de aplicativo, mas das pessoas em geral. Por mais rasteiro que possa parecer, existe sim mérito “cultural” (já que, hoje em dia tudo pode ser cultural) em se consumir música popular cantada com a língua materna, em relação às músicas, a maioria delas, pasteurizadas e enlatadas do Pop internacional. Por pior que alguns artistas e algumas das músicas de swingueira possam ser, estou convencido que eles cantam para um público que os compreende, e falam nas suas letras um pouco sobre o que é ser brasileiro no século XXI, no ano de 2021. E isso já é meio caminho andado.

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13 DE JANEIRO

Visitar o meu pai em Uberlândia é sempre um novo aprendizado sobre o envelhecimento. Não sei ao certo qual a condição médica dele, sei que ele sofreu uma isquemia (ou um um leve AVC) há um tempo que selou em definitivo a linha entre a vida adulta e a velhice. Externamente, meu pai está até bem, no alto de seus 67 anos, principalmente após a implantação de próteses dentárias por cortesia do marido de uma prima minha. A dicção caipira do seu Vanderley, frequentemente incompreensível, está muito melhor, obrigado. No entanto, só Deus sabe o que se passa na cabeça dele. Talvez um misto de medo em relação à sua nova realidade mental pós isquemia e de confusão forçada pelo uso de medicamentos, não sei. De qualquer forma, é notável a mudança em seu comportamento. Hoje à tarde, eu e Laís preparamos um lanchinho improvisado na casa dele e notei que enquanto nós comíamos meu pai não conseguia ficar parado, andava ansiosamente de um lado pro outro e nunca se sentava. Já faz um tempo em que a noção de tempo e espaço está nebulosa. “Não estamos em setembro?” . Ele não se lembra bem das senhas do banco, digita coisas aleatórias no whatsapp, troca o próprio CPF e se atrapalha na hora de fazer compras. Passamos a tarde toda tentando entender um imbróglio em que meu pai se metera ao comprar uma geladeira no Magazine Luiza… Nos seus piores dias ele mal consegue vestir uma camisa, e a casa passa a maior parte do tempo suja e com as janelas fechadas.

Meu pai nunca foi um homem de espírito, nunca acumulou hobbies nem paixões; apenas cultivou o entusiasmo das amizades momentâneas e a companhia dos irmãos de uma linhagem numerosa (14 ao todo) que, se foram proveitosas nos dias de glória, pouco pode lhe servir no momento de encarar a fragilidade do próprio corpo e a inevitabilidade da morte. Os dias de meu pai são de um imenso vazio existencial, um silêncio abafado pela TV, entrecortado por alguns eventos como as ligações dos filhos, as idas à mercearia e ao restaurante, e a visita da faxineira. Fora isso, a velhice do seu Vanderley vai depender mesmo é da misericórdia de Deus.

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14 DE JANEIRO

Caso você seja uma pessoa que goste de ler, aí vai uma dica. Nunca leia durante o dia à vista de outras pessoas, especialmente num horário comercial em que você deveria estar trabalhando. As pessoas não gostam de gente que lê durante o dia. Ler durante o dia transmite uma ideia de vadiagem, de falta de coisa melhor pra se fazer. Não é culpa das pessoas, é apenas um instinto natural, calcado, talvez, em hábitos milenares de sobrevivência da espécie. A luz do dia é feita para ações com o corpo, como lutar, resolver problemas, consertar coisas, vender, ganhar dinheiro. Guarde a leitura para um momento em que todos estejam dormindo, ou à noite, antes de dormir. Assim ninguém enche seu saco.

19 DE JANEIRO

Hoje foi meu segundo dia de home office independente e sem emprego formal, mas já vi que não será uma adaptação fácil. Vejo dias negros no horizonte. Quando temos a agenda livre, surge o problema do overbooking, a sobrecarga de coisas que estipulamos para nós mesmos fazer. A gente quer abraçar tudo de uma vez e a coisa não é assim. Por exemplo, hoje pela manhã, planejei um pouco o que será o romance que pretendo terminar até o fim do primeiro semestre. Depois disso, dei uma corridinha pela orla, voltei pra casa, fiz uma faxina e, de tarde, fiquei quebrando a cabeça com tarefas burocráticas: pedido de cartão do Nubank e a inscrição como MEI. Depois disso, já não conseguia fazer nada direito, a cabeça me doía muito e fiquei meio abobalhado o resto da noite. Daí que bateu aquele marasmo, que foi lentamente se transformando em desespero. Me vi ridiculamente perdido, querendo ser produtivo, mas sem saber o que fazer em seguida. Será que todos os dias serão assim? Em algum momento, Laís me lançou ainda aquele olhar inquisidor como se dissesse: “cadê esses layouts? cadê você estudando design?”. É foda.

23 DE JANEIRO

Na última cena do filme “Amadeus”, o velho Salieri em transe, pelos corredores do sanatório, esbravejava uma benção que parecia endereçada a todos nós, brasileiros. Dizia ele: “Medíocres do mundo, eu vos absolvo. Eu vos absolvo a todos!"

24 DE JANEIRO

O livro pode ser até meio desigual e talvez não tenha feito justiça ao real heroísmo de alguns dos personagens, mesmo assim, não posso dizer que não fiquei impactado pela leitura do “O Príncipe de Nassau", romance histórico de Paulo Setúbal sobre a expulsão dos holandeses de Pernambuco. Não tinha noção das aulas de História do colégio que a guerra tinha tido contornos tão dramáticos e épicos assim. Tudo ali se encaixaria perfeitamente num blockbuster de ação se alguém animasse a fazer uma adaptação para o cinema. Tem cavaleiros, tem uma moça indefesa sequestrada e uma vilã inesperada (Ana Pais), tem Recife sitiada, tem o massacre comandado por holandeses e índios no Rio Grande do Norte. E, finalmente, tem também a construção desse personagem incrível, o mulato que liderou o primeiro exército brasileiro. João Fernandes é quem realmente salva o dia, e sua história deveria estar estampada em tudo quanto é lugar. Toda criança deveria saber o nome de João Fernandes, o primeiro herói brasileiro. Eu mesmo estou me sentindo uma criança de novo, querendo ler mais e aprender mais da História do Brasil com o tio Setúbal.

25 DE JANEIRO

Noite de ansiedade em relação ao futuro. Consegui dormir somente depois de tomar dois dramins. Isso me faz lembrar de uma frase dita pelo meu amigo e vizinho Luciano Sotero: “para que ter inimigos se você tem você mesmo?”.

28 DE JANEIRO

Depois de uma semana e meia de “planejamento” por assim dizer, comecei hoje a escrever o romance que por ora leva o título de “Darlene, meu amor”. Título brega, eu sei, mas que permanecerá até que outro melhor o substitua. No mais, posso afirmar que escrever é um ato tão divertido quanto excruciante. Acho que a melhor forma de fazê-lo sem sofrer tanto é escrever de uma sentada tudo que der na cabeça sem pensar demais, de preferência à mão. Depois, é questão de ir editando e cortando, editando e cortando, editando e cortando... Até você chegar num ponto de poder dizer: ok, não sinto mais vergonha dessa página que eu escrevi.

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01 DE FEVEREIRO

Olá, meu nome é Cícero Nogueira Marra, e foi somente dias atrás, depois de lutar por mais de três décadas contra a falta de dinheiro -- que só me chegou por sorte, através de contracheques em empregos nos quais eu era completamente incompetente -- foi que me atentei pela primeira vez sobre a importância de me educar financeiramente, isto é, pensar um pouco em investir alguma coisa e não apenas em ter um salário. Meu Deus! Como eu fui tolo. Parece tão simples que era isso o tempo todo. Se eu tivesse me atentado antes, pelo menos uma década atrás, não estaria nesse fundo do poço em que estou hoje. Mas nunca é tarde pra começar, né? Então vamos começar lendo tudo que a gente puder sobre investimentos. Comecei por um clássico da auto-ajuda financeira, o livro “Pai Rico, Pai Pobre” do Robert T. Kiyosaki que tem me saído um livro muito prático. De forma geral, os metidos a intelectuais têm muito preconceito com livros de auto-ajuda financeira como esse, alguns deles podem ser muito mais úteis que muita literatice por aí.

04 DE FEVEREIRO

Dito e feito, aconteceu mais cedo do que eu imaginava. Meu pai, seu Vanderley, bateu o carro na entrada de Coromandel. Pelo menos não foi na estrada, graças a Deus, se fosse, ele poderia ter ido pro saco. Todo mundo sabia que isso ia acontecer uma hora. Pelo que pude atestar da última vez em que eu e Laís pegamos uma carona com ele é que o seu Vanderley não pode, sob hipótese alguma, dirigir novamente. Em uma viagem de um quarteirão no bairro do Luizote de Freitas, ele quase provocou três acidentes que poderiam ter machucado mais pessoas além de nós.

19 DE FEVEREIRO

Aproveitando que a última cartela acabou, decidi parar de vez com o Dramin nesses últimos dias. Hoje é o terceiro dia e aqui estou às 03:29 da madrugada; com sono, mas sem conseguir fazer a mente desligar…

22 DE FEVEREIRO

Prestes a fazer a primeira entrega de identidade visual da minha nova carreira de designer gráfico, me encontrei frustrado ao perceber uma coisa óbvia, eu não sei ainda fazer o meu trabalho! Não sei operar o Illustrator direito e falta a experiência de otimizar os processos na hora de elaborar uma identidade visual. E por causa disso me veio aquela rasteira do desânimo, que fez com que Laís me perguntasse na lata: “é isso que você quer mesmo fazer da vida? Se não for, pare de perder seu tempo. Se sim, você precisa entrar de cabeça, dez horas por dia. não dá pra ficar lendo e escrevendo o dia inteiro”. Temos que negociar com nós mesmos. Ela está certa, certa, certa. Essa minha neurose quase estraga o aniversário dela.

05 DE MARÇO

Começou essa semana o terceiro período do Curso de Licenciatura em Letras / Português, da Universidade de Pernambuco, modalidade à distância. E com ele novos e cada vez mais criativos exemplos de contorcionismo na linguagem academiquês vazia de sentido. Desta vez foi no enunciado de uma questão na disciplina “Fundamentos Sociológicos da Educação”. Leia:

“Considerando a importância dos Fundamentos Sociológicos da Educação para compreender e distinguir melhor as mudanças que ocorrem no âmbito do processo educacional. É condição básica afirmar que, ao refletir na dimensão dos Fundamentos Sociológicos da Educação no ambiente do trabalho, viabiliza no projeto formativo do ser humano o desenvolvimento dos aspectos crítico-reflexivos. As bases estruturantes nos estudos sociológicos têm significância para o trajeto e reconhecimento no âmbito da escola e na formação docente, sendo muitas vezes seu foco uma questão singular no dinamismo educacional que merece uma atenção atenta do educador. Diante desses tópicos, você concorda que uma leitura crítico-reflexiva nesse projeto sistemático e dinâmico, numa perspectiva sociológica da educação, tem primazia no trabalho pedagógico e na formação docente? Como técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem – reconhecer a natureza e as origens da sociologia tem importância na formação do educador? A sociedade passa por um processo de mudança estruturante e nessa paisagem sócio-cultural os estudos sociológicos podem significar um valor primordial na configuração formativo do educador?”

Toda esta merda poderia ser resumida em:

“Você concorda que conhecer os fundamentos da sociologia tem importância na formação do educador e do aluno?” De novo, não é a melhor revisão, mas é sem dúvida uma versão mais curta.

Minha resposta foi:

Pela leitura do texto introdutório de Turner (1999) percebemos que, justamente nos períodos de profunda ruptura da ordem estabelecida (seja por transformações econômicas, demográficas, políticas etc) os pensadores se vêem impelidos a renovarem sua visão de mundo e imaginar uma novo paradigma para analisar o próprio contexto. A era moderna nos forçou uma ruptura inédita nas teias das sociedades tradicionais, mudando definitivamente a face de instituições como a família, a igreja, o trabalho etc. Natural portanto que a explosão demográfica, as mudanças nas relações de trabalho forçadas pela revolução industrial e o crescimento desordenado dos centros urbanos, gerassem dúvidas sobre a coesão dos núcleos sociais urbanos. A Sociologia, sobretudo em seu início, com Comte, Spencer e Durkheim, surge nesse contexto de espanto e preocupação com o futuro das sociedades -- dando forma a uma espécie de ciência para a ação prática na vida, ao mesmo tempo em que a Sociologia é um fruto tardio do século das luzes, e portanto, se mostre como uma tentativa inédita de prever o comportamento da sociedade por hipóteses científicas e matemáticas.

O mundo ainda está em flagrante mudança, mesmo muitos anos após os marcos da modernidade. Seja como extensão daquilo que Castells chamou de "sociedade da informação'' ou da "Aldeia Global" de Marshall Mcluhan, o fato é que a velocidade das transformações parece ter aumentado. O professor, como pela chave de uma instituição vital para a sociedade, a escola, e, mais importante ainda, como líder da formação não apenas de alunos mas de efetivos seres atuantes na sociedade, tem a obrigação de não apenas conhecer, mas estimular em seus alunos a leitura e o questionamento do contexto social. Questões como a influência da família na educação, a dissolução dos valores nacionais pela globalização, o papel do professor como um auxiliar da família, o objetivo final da educação formal, o perfil desejado de ser humano a ser formado pela escola. Todas essas são questões chave que somente o estudo cultural (e nele, sem dúvida a sociologia ocupa posição privilegiada) pode oferecer.

Ao que o vetusto mestre respondeu:

Caríssimo Cícero,

Na analítica do vosso texto, fica evidente o valor que tem os fundamentos sociológicos para a condutividade no âmbito da prática educacional. Os pontos aclarados têm substancialidade ao tratar de forma clara e sucinta os aspectos relacionados no dinamismo do espaço social, na configuração histórica. A sociologia como ciência tem esse vetor significativo de abrir conceitos pontuais para o direcionamento no âmbito das estruturas e símbolos culturais, redefinindo no processo histórico novas perspectivas para o pensar crítico em diversos horizontes. Conforme algumas das questões ventiladas, tanto nas estruturas macro e micro, o valor da sociologia aviva a repensar o Eu na circunstância, aderindo nesse projeto dialético encontrar novos caminhos para condutividade no campo epistêmico, ético e estético nesse novo cenário cultural. Aguardo outros aportes para o diálogo sobre a temática em pauta.

Páz!

10 DE MARÇO

Consegui ficar 25 dias sem tomar Dramin, mas hoje vai ser impossível. Tomei dois de uma vez. Não estou conseguindo segurar a barra da ansiedade e quero pelo menos garantir algumas horas de sono. Não fui um escritor precoce, não fui um artista precoce. Fui de tudo um pouco sem ser realmente bom em nada. Nunca ganhei dinheiro. Na verdade, nunca consegui me sustentar sozinho. Tenho potencial para aprender qualquer coisa que eu quiser, mas tudo me exige tempo, um tempo que eu não sei se disponho mais. Tenho 32 anos, prestes a completar 33. Pretendo um dia ter família, quero ser rico, culto e quero ser reconhecido. Quero tudo. Mas principalmente, quero lembrar dos primeiros 32 anos da minha vida como uma piada sem graça.

15 DE MARÇO

Tive um sonho esquisito essa noite, nele, estou de férias em Uberlândia, e lá tento encontrar um amigo meu, mas ele está muito ocupado pra sair comigo porque ele está trabalhando justamente para corrigir algo que eu fiz. Resolvo ir então para uma festa pública de povão num bairro afastado de Uberlândia (que mais parece uma favela no Rio) e acabo encontrando lá uma ex aluna minha. Nós flertamos um pouco e tento agarrá-la, mas ela se afasta de mim, e de repente, toda família dela está nessa festa me reprimindo. Tento voltar para casa mas me perco e peço ajuda para um nóia de crack. Um morador me protege do nóia e me indica o caminho para o ônibus até minha casa. Acordo.

22 DE MARÇO

A vida conjugal tem seus problemas. Como em qualquer instituição, um relacionamento é feito de disputas de poder, e nós, como parte interessada, devemos manejar muito bem certo grau de diplomacia com algum nível de ataque. Ou seja, não podemos ganhar sempre mas também não podemos ser o capacho do outro. Preciso urgentemente fazer novos amigos, criar novos hábitos, novos clubes, qualquer tipo de convivência fora de casa (o que é muito difícil durante o lockdown). Essa é a única forma de contrabalançar o excesso de vida conjugal que estou tendo ultimamente.

Ainda no tema contratos sociais. Saiu hoje a decisão judicial sobre o meu processo de nulidade de pré-executividade (ou algo assim). Enfim, o juiz negou, disse que o processo da Fundação João Pinheiro foi válido apesar de ter corrido sem a minha assinatura. Isso me obriga a mudar de estratégia. Vamos ver o que vai dar e que Deus me proteja nessa empreitada.

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